sábado, dezembro 30, 2006

era uma vez um médico do ano comum...

... a quem tinham dito que iria saber onde ficaria a trabalhar no ano comum dois dias úteis antes da data de início. O médico pensou que era um bocado em cima da hora mas... Porquê esta data?

Chegado o dia o médico, que tinha tirado o curso no Porto e tinha a noção que 90% dos colegas de Lisboa tinham uma média de licenciatura superior à sua estava apreensivo. Porque não há ponderação das médias, preferência regional, ...? Porque será que só estamos unidos nas medidas que são consensuais e não em todas as que são justas?

Acordou e foi ver a lista. Para seu desespero tinha ficado colocado longe, muito longe. Passado o choque começou a conformar-se e a pensar em arranjar casa.

A lista é retirada e anulada. Parece que faltam as médias e colocar três colegas diz-se no fórum. O médico acredita e aguarda. Porque é que as pessoas quando não sabem não estão caladas?

Nova lista é publicada já depois do prazo definido (isto é - no dia útil anterior à apresentação ao serviço) Apesar de tudo, a colocação muda, o médico já não está tão longe e vai dormir mais feliz.

Nessa manhã o médico acorda com um telefonema - a lista (a segunda, a tal que era definitiva) está errada e vai ser contestada. O médico compreende mas acredita que a lista vai acabar por se manter nem que tenham que ser criadas vagas supra-numerárias para resolver as injustiças criadas. Contacta o hospital em que ficou colocado e começa a tratar da vida. Porque é que - nesta altura - este médico ainda acredita que o sistema, apesar de tudo, funciona?

À tarde, e depois de muitos telefonemas solidários, o médico recebe um outro a dizer que a lista tinha sido retirada. Aguarda-se um despacho que irá pôr fim a esta situação. Parece que afinal "tá tudo mal outra vez". E então, por despacho, o médico é despachado para o fim de Janeiro sem nada mais saber.

Jornal do dia seguinte: Ninguém se demitiu ou foi demitido. Erros de colocação, em que página? Médicos desempregados, onde? Porque é que ficou tudo na mesma (em ambos os lados da barricada)?

dei 24h...

...para ver se não há um despacho a alterar o despacho... Em breve um comentário a esta... coisa.

http://www.dmrs.min-saude.pt/guarda_docs/DespachoSG29Dez.pdf

sábado, dezembro 23, 2006

Dia 4 dH

[dH: depois de Harrison, isto é, depois do exame de acesso à especialidade]

Sobre o exame nem escrevo (o que há a dizer sobre um dos exames de acesso à especialidade mais estranhos de todos os que já vi e respondi?).

Nesta altura ocorreu-me repetir o teste da University of Virginia, nos EUA (já o tinha feito em Abril deste ano - http://umblogincidental.blogspot.com/2006/04/er-portuguesa.html). Este é um "Medical Specialty Aptitude Test", no qual, através de 130 perguntas, se tenta traçar um perfil do futuro médico e qual a área em que melhor se encaixa.

E os resultados mudaram com um top 5 de radiologia, patologia, emergência, urologia e ortopedia. No fim da lista e num destacadíssimo último lugar - medicina geral e familiar.

Experimentem: http://www.med-ed.virginia.edu/specialties/

FELIZ NATAL!

sábado, dezembro 16, 2006

o dia H...

... é 3ª feira.
Mas a cena vai. Só ainda não encontrei a minha entrada para o MultiMediaCard.

sábado, novembro 25, 2006

uma certa esquerda, uma certa direita, uma certa terceira via - vai uma provocação?

O direito à aversão por uma certa maneira de fazer política é inquestionável. A questão é só a de saber até que ponto a generalização é ou não fatal à argumentação de que uma certa esquerda/direita faz, cada vez mais a mesma coisa.
  • Cada vez mais são os mesmos que levantam sempre as mesmas bandeiras (o aborto, as uniões de facto e pouco mais - BE; o aborto, a família e pouco mais - o CDS/PP quando não definhava, numa morte anunciada por conspirações internas)
  • São temas importantes dirão alguns. Sendo discutível, é um suícidio político porque polariza a discussão política em temas que, sendo fracturantes, serão a breve trecho resolvidos pelos Governo/referendo.
  • Há, também, uma certa 3ª via, a do Governo actual que faz um mix de sensibilidades políticas (ao jeito do realizado por Blair) para uma actuação política que vai, a médio prazo, ganhar/manter votos no eleitorado de centro (que é onde se ganham eleições).
  • Tudo isto faz lembrar as contestações estudantis recorrentes onde tem mais peso o valor das propinas (certamente importante) do que o massivo desemprego que se abate sobre muitos recém-licenciados.
  • Tudo isto faz lembrar os sindicatos que contestam o trabalho precário e pedem melhores salários (certamente importantes) e depois veem as multinacionais deslocalizar as suas instalações para paises com mão de obra mais barata.
  • Tudo isto faz lembrar um sociólogo que comentava a propósito do caso Casa Pia que em Portugal achava-se mais hediondo um crime de pedofilia do que um homicídio.

Há boas medidas e más medidas. Há opiniões e posicionamentos ideológicos diferentes. Completamente de acordo. Mas também há demagogia.

Exercer o poder é sobretudo ter a capacidade de hierarquizar os problemas. É difícil? Seja. Mas contribuir para esconder realidades muito mais importantes com fait-divers esgotados é uma falta de respeito pelos eleitores e um insulto àqueles que pretendem discutir política a sério.

domingo, novembro 12, 2006

absolut harrison

Hmm... Opacidades simétricas centrais que não parecem compatíveis com etiologia neoplásica.

Indique a percentagem de mineiros do Uzbequistão que podem ser portadores de alterações estruturais semelhantes às apresentadas na figura, entre os 9 meses e os 4 anos de idade. Nota: Não considere as minas existentes na capital Tashkent. Ao resultado obtido some a raiz quadrada de 235 e aproxime para o número primo mais próximo.

Em tempos de quase desespero brindemos ao Sr. Harrison.

sábado, outubro 28, 2006

copy and paste?

Vale a pena ler sobre o alegado plágio de Miguel Sousa Tavares (MST) no seu livro Equador, acusação lançada pelo blog freedomtocopy.
Poderá ser só mais uma teoria da conspiração mas já provocou a ameaça de paulada e tribunais por parte de MST.

Vale a pena estar atento a um certo corporativismo jornalístico latente presente neste caso. Ainda falam dos médicos.

http://www.freedomtocopy.blogspot.com/

sábado, outubro 21, 2006

o aborto, os médicos e a elevação intelectual

É sabido que ninguém faz vencer os seus argumentos apenas por ter razão.
Primeiro porque ter razão é sempre e cada vez mais discutível. Segundo porque numa consulta pública como a do aborto é necessária uma estratégia extremamente bem elaborada, uma vez que se corre o risco evidente de ver um assunto sensível ser decidido por franjas de votantes com informação incompleta e/ou distorcida sobre o tema.

incidental reafirma a sua convicção de que se assiste a uma inversão de prioridades. É certo que esta é uma questão importante. Mas é, sobretudo, um festim de demagogia, especialmente para uma certa esquerda. Falta elevação intelectual.

  • Sobre o sim: T-shirts com "Sou dona da minha barriga" estampado são demagógicas e inverdadeiras (A velha questão da liberdade individual não poder afectar a liberdade do outro. Para além disso e o pai, perde o direito a voto?). A estratégia correcta para vencer passará talvez por justificar o sexo como sendo cada vez mais uma actividade recreativa, praticada por indivíduos com idade (mental ou cronológica) insuficiente para tomarem total consciência dos seus actos.
  • Sobre o não: Tentar passar a ideia de uma ligação do aborto a qualquer tipo de acto homicida é um profundo erro/mentira. É preciso explicar a lei actual e frisar o facto de a mulher poder abortar em caso de risco para a saúde mental da mulher (a abrangência desta afirmação está na consciênca de cada médico). Isto deixaria muitas consciências descansadas, pondo o problema sob uma perspectiva inteiramente nova.
  • Sobre a abstenção: Fará sentido permitir a votação neste tipo de consultas a todos os maiores de 16 anos? Afinal muitos deles serão os afectados pelo resultado deste referendo. Por outro lado, se a abstenção vencer, qualquer dos resultados será um resultado fraco, demonstrando desinteresse e sobretudo ignorância (do poder político em relação às reais preocupações daqueles que representa).
PS - incidental está muito curioso: Quais serão as bandeiras de alguns líderes políticos à esquerda quando as questões do aborto e das uniões de facto (por ex.) forem resolvidas a seu favor?

sexta-feira, outubro 06, 2006

A medicina devia ser assim...

mas não é...


Em 2020 vai escrever-se assim : "House MD - série de culto que influenciou uma quantidade significativa de aspirantes a médicos, levando muitos a acreditar na medicina do intelecto, do think outside the box.

Medicina para predestinados quase loucos condicionados pela sua própria dor.

Grande conteúdo pedagógico para os MD wannabes
."

domingo, outubro 01, 2006

Voltar ao cinema

Volver é a prova que os fantasmas voltam mas nem sempre para nos assombrar.
Volver é a prova que pessoas boas são capazes de actos terríveis.
Se acreditarmos que haverá por aí muitos Volver à espera de serem contados então, poderemos mudar muitas ideias feitas.

terça-feira, setembro 19, 2006

Corporativismo, Caciquismo e novas Escolas Médicas

Sobre a criação de um novo curso de Medicina na Universidade do Algarve a JSD Algarve criticou o comunicado recente da ANEM que explicava, de uma forma clara, quais as necessidades futuras para a formação médica em Portugal.

Vale a pena ler sobre esta questão em http://bradiencefalia.blogspot.com/2006/09/e-porque-no-em-barrancos.html. incidental subscreve.

sábado, setembro 16, 2006

Al Gore afinal é Presidente

Entretanto nos EUA, Al Gore faz uma aparição no Saturday Night Live alertando para os perigos do aquecimento global. Isto não seria nada de novo não fosse o facto de Gore se dirigir aos americanos como se tivesse sido eleito Presidente dos EUA nas famosas eleições que perdeu para George Bush.

Um video divertidíssimo e que mostra bem as diferenças de estilo e de substância entre o Vice-Presidente de Bill Clinton e o (I'm afraid) verdadeiro Presidente dos EUA.





http://www.ifilm.com/ifilmdetail/2754054?refsite=7063&ns=1

sexta-feira, setembro 15, 2006

Novidades sobre "O Exame"

Já há uma quase-data para O Exame. Segundo o site da Secretaria Geral do Ministério da Saúde será na segunda quinzena de Dezembro de 2006.

http://www.dmrs.min-saude.pt/detalhe_novidades.asp

segunda-feira, setembro 11, 2006

"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better." Samuel Beckett

I wonder... será que os terroristas se andam a inspirar em Beckett?

sexta-feira, setembro 08, 2006

não gosto de:

  • ver todos os que têm responsabilidades inerentes aos cargos para os quais foram eleitos com um interesse nulo em situações que não envolvam o seu bem estar pessoal. Veja-se a trapalhada dos exames de acesso à especialidade (datas oficiosas que vão mudando, adiamentos possíveis dependentes de alegadas pressões...). Nem um comunicado à imprensa, nem uma palavra aos colegas (que muitas vezes defenderam os interesses daqueles que agora os representam).

  • perceber as razões de quem, tendo estado um ano em veterinária ou cma no icbas e tendo tido a oportunidade de mudar para medicina, escolhe agora outra escola médica para fazer a sua formação. Alguma coisa andamos - professores e alunos - a fazer mal.

  • sentir por parte de pessoas inteligentes uma opinião negativa gratuita relativamente aos partidos e aos que neles se decidem filiar. Se bem que as razões possam ser, em alguns casos, obscuras, nada impede os descontentes de mudar o sistema from the inside.

  • chamadas grátis, mesmo mesmo grátis. Ou de borla, se preferirem. Já se ouvem barbaridades suficientes quando são pagas.

  • ser licenciado em medicina. Preferia ser médico.

Não gosto. Mas começo a habituar-me.

segunda-feira, setembro 04, 2006

algumas leituras incidentais

Blogs de amigos, de conhecidos e de colegas.
Ficam como leituras incidentais interessantes para todos os mini-médicos:

depois das férias, algumas verdades só recentemente descobertas

1. O maior dilema nos mid-twenties é o de perceber a diferença entre o querer e o dever fazer (no imediato, no futuro e no entretanto). Depois de um período de intocabilidade (que deixou de estar restrito à adolescência para se infantilizar até ao início da vida adulta) o desafio é o de encontrar o objectivo/sonho que consegue ser uma doce responsabilidade.

2. Temo que se estejam a formar médicos desajustados, deslocados da realidade, demasiado jovens para saberem no que se estão a meter. Indíviduos que vivem apenas para si, para o imediato sem qualquer desejo de tomar parte na consciência socio-política ou noção da importância do seu papel numa sociedade.

3. Em Ibiza uma experiência tão inesperada quanto marcante: uma praia e qualquer coisa como duas mil pessoas a bater palmas aos últimos momentos do mais belo por-do-sol do mundo. E acontece todos os dias.

quarta-feira, agosto 09, 2006

zandinga remix

Ao jeito de Zandinga - para quem se lembra do famoso futurologista do nosso futebol - mais uma previsão de verão:

Um blog com sede em NY e que fala - através de muitas fotos - da moda e dos estilos de vida das pessoas que se podem encontrar nas ruas da big apple.

Mesmo com um número brutal de visitas diárias este site mantém uma honestidade e simplicidade cativantes e está agora na rota de colisão com o estrelato à americana pela sua inclusão na edição norte-americana da GQ.

http://www.thesartorialist.blogspot.com//

segunda-feira, agosto 07, 2006

"god is in the details"...

.. já dizia o arquitecto Mies van der Rohe, que também disse "less is more".

Em férias, a imprensa nacional é ainda menos interessante que o habitual. Sobram os cronistas.

Na última página do Expresso escreve José Cutileiro "As coisas são o que são" a respeito da situação no Líbano, uma expressão tão portuguesa e que se aplica a tantos aspectos da vida moderna.

Na Notícias Sábado António Sousa Homem termina a sua crónica com uma frase que reflecte what this is all about: "É um médico de antigamente, sabe que o conforto da alma é um bem muito superior ao conhecimento geral do universo.".

quinta-feira, agosto 03, 2006

parabéns

a quem de direito...

segunda-feira, julho 31, 2006

the next big thing

Alguns dizem que vão ser muito grandes.
Alguns dizem que são os Interpol revisited e não vão passar disso.
incidental pensa que são o que os Joy Division seriam hoje ou talvez os Bauhaus nos seus devaneios mais ear-friendly.
Vale a pena ver (e ouvir) o video para These Things, com a participação da vocalista dos Garbage, Shirley Manson.

quarta-feira, julho 12, 2006

ainda vai dar muito que falar

  • O site mais visitado nos EUA nos últimos dois meses.
  • Comprado pelo magnata dos media, Rupert Murdoch, por 580 milhões de dolares.
  • Qualquer coisa como um hi5 (ainda) mais americanizado.

Acreditem, vai dar muito que falar. http://www.myspace.com/

domingo, julho 02, 2006

where do I begin?

  • Na Vanity Fair de Julho uma história sobre a noite de Moscovo. O clássico e esperado - uma elite de dinheiro estranho, frequentadora de locais em que as mulheres são todas lindíssimas e o direito a ter uma mesa custa 10.000€ por noite. O comunismo está enterrado?
  • Um estudo recente concluiu que, afinal, a monstruosidade dos actos terroristas não se prende com o indivíduo (e a sua loucura) mas sim com as circunstâncias que, quando bem conjugadas, impelem à realização dos actos mais hediondos pelos indivíduos mais normais.
  • Dick Cheney, Vice-Presidente dos EUA afirma (também numa entrevista à VF) que nem nas suas darkest nights duvidou da justeza da intervenção militar americana no Iraque. Politicamente, a resposta não podia ser outra mas a convicção das palavras parece ser a de quem, mesmo agora, acredita verdadeiramente nesta decisão.
  • O endeusamento de não-deuses tem trazido, diz-nos a História, maus resultados. Veja-se o caso da nossa Selecção Nacional de futebol. O 4º lugar supera quaisquer expectativas realistas mas é um 4º lugar. E quando ganharmos? Feriado nacional?
  • Afinal a paridade dá dinheiro. Parece que os partidos que incluirem mulheres nas suas listas terão direito a um acréscimo no financiamento estatal. Sem mais comentários.

sexta-feira, junho 23, 2006

não gosto de:

  • escolas médicas em que os docentes são pagos e não dão aulas;
  • ver doentes a serem vistos por alunos que pouco mais sabem que ler e escrever;
  • pensar que a formação médica depende da boa vontade de alguns e resulta da inconsciência de outros;
  • estar cada vez mais certo que ser cirurgião não é ser médico;
  • não ter um modelo de conduta profissional consistente para seguir;
  • ver enfermarias repletas de um sofrimento que não mata mas moi;
  • pensar que as outras áreas de conhecimento ainda estão mais paradas no tempo;
  • ter chegado à conclusão que é muito difícil morrer, ainda que aqueles que nos tratam sejam muito negligentes.

Não gosto. Mas começo a habituar-me.

sábado, junho 10, 2006

choose life... vai mais um teste?


Um teste para quem se lembra de um dos filmes mais importantes dos anos 90, a rampa de lançamento de Ewan McGregor, dirigido por Danny Boyle - Trainspotting.

Neste site é possível descobrir Which Trainspotting Character are you?

incidental testou-se e descobriu que...

segunda-feira, junho 05, 2006

a esquerda, a paridade, as quotas e a demagogia

Facto 1: Depois de todas as condicionantes historico-culturais que menorizaram o papel das mulheres ao longo de muitos anos, hoje em dia a realidade é outra: nos lugares que exigem mérito e esforço (entradas no ensino superior; conclusão de licenciaturas altamente exigentes como Medicina, Engenharia e outras; ...) é notória a predominância do sexo feminino.

Facto 2: A propósito do veto do (primeiro) veto do PR à lei da paridade, incidental assinala com agrado a demonstração de lucidez política. Senão veja-se:
    • a criação de um número mínimo de mulheres a incluir em listas partidárias desvirtua completamente a dignidade e o sentido de mérito que ainda existem na política portuguesa;
    • evidentemente, as quotas terão um efeito pernicioso decorrente do condicionamento inerente a uma eleição que, no fundo, não se ganha porque, no fundo, não é uma eleição.

Será possível que alguém sério considere que o papel de uma mulher na dinâmica de um partido sai reforçado quando os cargos que conquista são resultantes de um decreto?

sábado, maio 20, 2006

a verdade na mentira: o humanismo médico


A verdade é que o humanismo médico é, na realidade, uma parcela residual de alguns tiques de esquerda que ainda resistem em algumas escolas médicas portuguesas.

A verdade é que se esse humanismo não existe ao longo do curso [busca desenfreada do protagonismo pelo protagonismo; carreirismo; seguidismo; contínua maldicência; síndrome de auto-umbiguismo*, ...] não é no fim que ele se vai materializar.
Dúvidas?
  • Vejam-se os últimos concursos de acesso à especialidade e como Oftalmologia, Dermatologia e outras especialidades que, afinal devem ser a base do que é ser Médico, são escolhidas.
  • Veja-se a falta de assunto, de interesse noutras coisas, de muitos finalistas/recém-licenciados em Medicina.
  • É certo que as generalizações são perigosas mas, mais perigoso é formar técnicos self-centered, arrogantes e ignorantes em todas as áreas que não aquelas que constituem a sua especialização.

* Síndrome de auto-umbiguismo: Síndrome de causa e cura desconhecidas caracterizado por uma constante focalização do indivíduo afectado no self, demitindo-se de toda a responsabilidade em matérias que não sejam do seu exclusivo interesse.

porque há imagens...

.... que valem mesmo mais que mil palavras.
[Klimt, O Beijo]

sexta-feira, maio 05, 2006

queres contar-me o teu segredo?


Em http://postsecret.blogspot.com/ um blog já conhecido por alguns - PostSecret - que se define como "an ongoing community art project where people mail in their secrets anonymously on one side of a homemade postcard".

Este projecto começou há alguns anos, através da distribuição de centenas de postais a desconhecidos com o convite - "You are invited to anonymously contribute a secret to a group art project. Your secret can be a regret, fear, betrayal, desire, confession or childhood humiliation. Reveal anything -- as long as it is true and you have never shared it with anyone before. Be brief. Be legible. Be creative."

No The New York Times escreve-se "Bless Me, Blog, for I've Sinned". incidental entende o apelo da revelação, principalmente anónima, principalmente a desconhecidos, mas não será este mais um sintoma da subtil alteração dos valores fundamentais da nossa sociedade?

terça-feira, abril 25, 2006

5 razões pelas quais o Bloco de Esquerda vai acabar...

... num futuro próximo:
  1. por muito que se tente transmitir uma outra ideia os partidos foram feitos para governar, em maioria ou em coligação, mas o propósito é este. Ora, um partido que afirma que não quer governar mas sim fazer oposição vai ser percebido pelos eleitores, mais tarde ou mais cedo, como a cosmética política que é.
  2. a base de sustentação eleitoral do BE atingiu o seu pico e, assim, o factor novidade que norteou muitos (principalmente jovens) a aderir às suas fileiras vai ficando gasto. Isto porque à falta de novas bandeiras fracturantes (aborto, homossexualidade, etc), que parecem ser as principais precupações deste partido, o apelo desta esquerda diferente em nada é diferente da ala moderada do PS.
  3. a implantação juvenil começa a dar sinais de desgaste. Um dos méritos da estatégia de marketing do BE está na forma em como chegou a muitas associações estudantis/juvenis, atingindo um peso bastante superior àquele que tem na AR. O problema é que é muito mais fácil fazer oposição do que governar, e começa agora a formar-se um padrão de descontamento pela forma de fazer política de alguns líderes destas organizações e que são afectos ao BE.
  4. Francisco Louçã é um líder cada vez menos capaz de falar para fora do partido o que, para além de contribuir para o ponto 2, leva também a uma deficiente renovação - tão necessária em qualquer partido - e a uma atenção cada vez menor dos indecisos às ideias do BE.
  5. ao critério do leitor...

domingo, abril 23, 2006

ser candidato

Ser candidato e ir a votos é, para quem leva a democracia a sério, um acto de responsabilidade para com os eleitores. E responsabilidade implica respeito.

Isto a propósito da candidatura do líder da Juventude Popular à liderança do CDS-PP. Como em quase tudo na política este acto consegue ser defensável no elogio e na crítica profunda.

Porque, se se quiser ser mais inocente, a candidatura do Presidente da JP mostra vitalidade e inconformismo - características tão apreciadas nos jovens - bem como uma vontade genuína de participar numa mudança da forma - acomodada - de estar no CDS-PP.

Numa perspectiva menos ortodoxa - outra característica vivamente apreciada embora mais à esquerda - como é possível que alguém que preside a uma estrutura que é o futuro do partido deixe cair a liderança actual, ao sabor dos ventos que correm no Parlamento, sem apontar razões de fundo válidas.

Porque, uma candidatura é para ganhar (e só é legítima e respeitadora dos eleitores se o for) e não somente para apresentar um projecto, e quem não perceber isto vai continuar a acreditar no Pai Natal por muitos anos.

incidental acredita que o fim do PP está próximo (embora não tão próximo como o do BE).

sexta-feira, abril 07, 2006

beber para esquecer

Foi, mais uma vez, avançada por alguns responsáveis políticos a intenção de baixar o grau de alcoolemia dos actuais 0,5 para 0,2.
Não discutindo sequer a qualidade da medida proposta, incidental pergunta:
  • Alguém é capaz de acreditar que os grandes bebedores, os tais dos 1.8 e 2.5 vão beber menos porque o limite passou para 0.2?
  • Alguém pensa que por se penalizar o consumo mínimo - em média pode beber-se um copo de vinho - se vai ensinar a conduzir e explicitar a necessidade de cumprir regras básicas de civismo?
  • Porque é que se torna recorrente a criação de medidas administrativo-punitivas - que só precisam de uma assinatura num decreto - em vez de planificar acções demonstrativas da imbecilidade que invadiu as nossas estradas aos mais jovens?

domingo, abril 02, 2006

ER à portuguesa

incidental descobriu no site da University of Virginia, nos EUA, um "Medical Specialty Aptitude Test" no qual, através de 130 perguntas, se tenta traçar um perfil do futuro médico e qual a área em que melhor se encaixa.

O teste incide sobre as capacidades de comunicação do candidato, a sua preferência por problemas de resolução aguda ou crónica e pela qualidade de vida pretendida, entre outros aspectos, muito mais do que em temáticas científicas.

A incidental revelou-se um futuro em Emergency Medicine... provavelmente, demasiados episódios de ER.

Recomendado a todos os mini-médicos.

domingo, março 19, 2006

incidental recomenda...


... Late Registration de Kanye West.
Os grandes discos, aqueles que marcam o seu tempo e permanecem para além dele, são, quase sempre, uma mistura da "música que se faz" naquela altura e de um conjunto de grandes referências que não são copiadas mas sim reformuladas e desconstruídas. Quando o processo não se auto-limita o resultado é um grande-grande-disco.

Esqueçam as ideias pré-concebidas sobre os discos de hip-hop, esqueçam a atitude gangsta-rap, esqueçam e ouçam, está tudo lá: a grande herança da música negra, os espirituais, a soul, o blues; a agressividade rock em modos de gentleman e os subtis truques pop; as vozes femininas que nos fazem pensar que aquela melodia só podia ser cantada assim; e, bem escondido, um trip-hop a la Tricky.

Embora datado de 2005, incidental só agora conseguiu encontrar-se com este disco. Sem dúvida, um marco da música dos últimos 15 anos.

quinta-feira, março 16, 2006

portuguese do it better


É sempre um prazer para incidental quando vê, por muito pequena que seja, uma referência na incontornável wallpaper a algo português.
Por isso, foi com muito agrado que incidental leu um elogio à "burgeoning contemporary design scene" portuguesa no seguimento das "ceramic pendant lights" vistas em cima.
E ainda por cima, é merecido.

sexta-feira, março 10, 2006

um ano à esquerda?

No fim de um ano de governação do Eng. Sócrates e sua equipa, incidental não pode deixar de fazer o seu balanço:
  1. incidental nunca acreditou muito nesta equipa, por isso não votou nela, e começou a ter muito medo aquando da saída de Luís Campos e Cunha.
  2. apesar disso, a este governo foi sempre dado um grande benifício da dúvida e incidental não quis deixar de fazer parte desta imensa maioria e por isso aguardou, afinal - o povo é sereno...
  3. depois do enquadramento, pela positiva incidental realça: o ímpeto reformista (ainda que nem sempre com a melhor concretização - caso dos professores, p. ex.); uma linha de actuação coerente nos vários dossiers de risco (independentemente de se concordar ou não); uma boa capacidade negocial ao nível da UE.
  4. os pontos menos: não ser ainda claro que as reformas serão, de facto, concretizadas e não apenas uma miragem; é ainda incerta a capacidade dos responsáveis pela área económica para a atracção de investimento estrangeiro de qualidade.

O balanço podia continuar mas o que incidental considera inegável é que Sócrates superou largamente as expectivas de quem o consideraria um líder sem força para impor um estilo de governação.

Podemos estar perante um dos melhores governos (também por culpa da oposição mediocre) dos últimos anos. A ver vamos. Que a Ota e o TGV não sejam os carrascos desta equipa governativa.

terça-feira, março 07, 2006

conversas de hospital...

3 médicos vão à caça - um epidemiologista, um internista, um cirurgião e um anatomo-patologista.

Entretanto, enquanto conversavam com a delegada de propaganda médica, passa por eles uma ave.
Diz o epidemiologista - bem, segundo os últimos estudos realizados nos EUA e tendo em conta os hábitos migratórios esta ave é, com uma probabilidade de 99%, um pombo.
A isto responde o internista - é possível, mas é preciso não esquecer a possibilidade de 1% de ser uma garça real que é uma espécie protegida e por isso não podemos disparar.
O cirurgião, depois de ouvir tudo isto, pega muito rapidamente na sua AK-47 descarrega um carregador no animal e grita para o anatomo-patologista: Vai lá ver o que é!

Faz lembrar alguma coisa?

terça-feira, fevereiro 28, 2006

uma imagem e algumas palavras


Se a Igreja Católica procura reconciliação com o seu povo este processo passará, sem dúvida, pelo aproveitamento de uma das suas figuras mediáticas, talvez a maior por muitos anos.
Esta imagem, que incidental procurava há algum tempo, foi vencedora de um prémio World Press Photo e contraria toda a ostentação criticada por muitos e afastadora de outros tantos dos desígnios do Vaticano.
Impressionante.

domingo, fevereiro 26, 2006

private joke

Se as escolas médicas portuguesas (e os seus alunos) fossem um objecto...
  • a FMUP (S. João) seria um adorno grego [colocado em frente a um espelho que ocupe toda uma parede para que se possa admirar a si mesmo...]
  • a FCML (Santana) seria uma ventoinha [que tenta propiciar uma lufada de ar fresco...]
  • a FML (Sta. Maria) seria uma secretária Luís XIV [colocada num local onde todos sejam obrigados a observá-la...]
  • a ECS do Minho seria um leitor de mp3 [pequeno mas cheio de potencialidades...]
  • a FMUC seria um cortinado [negro, grande, pesado, por vezes deixando passar a luz mas ainda sem entender que o mundo vai evoluindo...]
  • a FCS da UBI ainda não sabe que objecto é, mas gostava de ser um leitor de mp3...
Quanto ao ICBAS (Sto. António), ficará ao critério de vozes mais sábias...

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

doce recordação



Depois das salas de cinema, Sweet November passou ontem na nossa televisão pública.
Keanu Reeves e Charlize Theron foram feitos um para o outro.
Inesquecível.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

the next big thing

É comum no mundo da música rotular as bandas emergentes como a next big thing, isto é, o próximo sucesso/revelação capaz de fazer mexer tanto os críticos como o resto do mundo.
Este raciocínio poderia, talvez, ser aplicado em Portugal à geração do pós 25 de Abril, uma vez que foram criadas condições únicas para a superação de metas antigas e abertura de novos horizontes. Senão, veja-se:
  • se é verdade que temos uma democracia jovem, também é verdade que a próxima geração de líderes da nossa sociedade não sabe o que é viver em ditadura, logo não se pode atribuir qualquer defeito a traumas antigos.
  • foram criadas todas as condições - liberdade de expressão, entrada na CEE, aumento da capacidade económica das famílias - para o desenvolvimento de uma geração diferente das anteriores.
  • a disponibilização da internet a quase toda a população jovem já não permite que não se saiba o que se passa - estamos em contacto permanente com o resto do mundo.

incidental considera que é legítimo exigir algo mais desta geração, pois as condições que lhe foram dadas são muito superiores às que existiam anteriormente.

incidental considera - correndo todos os riscos inerentes às generalizações - que, neste momento, estamos perante três tipos de pessoas:

  • pessoas que trabalham e lutam por objectivos pessoais ou colectivos mas que se incluem num grupo que se caracteriza pela ambição genuína de fazer/ser algo mais social, economica ou politicamente. São poucos, talvez em menor número que na geração anterior.
  • pessoas que se envolvem nas coisas apenas para se afirmarem socialmente ou porque pensam que na democracia como um direito de crítica indiscrimidada para o afagar do seu ego, não vendo numa sociedade democrática uma responsabilidade colectiva. São cada vez mais.
  • pessoas que constituem uma imensa massa anónima e que na sua insegurança, decorrente da falta de objectivos pessoais [o que interessa é ir fazendo uma licenciatura, preferencialmente de elite, uns pózinhos de mais qualquer coisa e o resto vem por acréscimo], vão passeando pelos anos em que se muda o mundo com uma displicência marcada pelo acreditar em máximas de novelas de cordel e por uma autoconfiança balofa própria de quem nunca tentou superar os seus limites. Prefere-se ir fazendo a ir mais além, deixar passar em vez de enfrentar, fechar os olhos em vez de encarar de frente.

Será esta geração uma eterna next big thing?

terça-feira, fevereiro 14, 2006

incidental deseja...

... um feliz dia de S. Valentim.

domingo, fevereiro 12, 2006

the time is now

incidental deu por si a pensar porque é que um dos seus posts mais comentados (2 coments!) era de índole culinária mas desse raciocínio evoluiu rapidamente para um bem mais interessante - o conceito de timing.

Nunca como nos dias de hoje a capacidade de apostar na altura certa se revelou tão definidora de vencedores e vencidos numa sociedade em que o vale-tudo capitalista ainda é das poucas coisas em que se pode confiar. Afinal, o capitalismo selvagem não mente.

Timing é lançar uma OPA como a da Sonae contra uma empresa 5 vezes maior na melhor altura possível, com a maior confiança possível.

Timing é saber que há momentos em que não se pode deixar de agarrar aquela oportunidade, aquele sentimento once in a lifetime.

Timing é reconhecer quando é tempo de abraçar outras causas, outros desafios, de deixar para trás aquilo/aqueles que devem ser passado.

Poderá dizer-se que sempre foi assim, mas é importante não esquecer que a torrente de informação a que estamos sujeitos a cada minuto, assim como as nossas multiplas ligações a uma mesma matriz [sms, mail, msn, ...], fazem com que tudo seja percebido - e vivido - mais depressa. Começamos a ser omnipresentes.

Timing is everything.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

incidental recomenda...


... sessenta setenta.
incindental viajou, em boa companhia, até este pequeno segredo da restauração do Porto. Escreve-se viajou porque a envolvência do local - escondido do ruído de um centro de cidade numa rua do Porto antigo e olhando o rio - cria um feeling especial logo que se entra neste espaço.

E se o local é a sua grande mais-valia, os pratos, cuja qualidade dos ingredientes é superior, pecam pela excessiva sofisticação.

In the end, um local para ir com a pessoa certa e a vontade de conhecer um conceito diferente junto ao Douro. [E a tapioca de maracujá é sublime...]

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

maomé e a liberdade de expressão

Lê-se em alguns jornais de referência que a liberdade de expressão só pode ser preservada com o uso do bom senso, são necessários limites impostos pela cultura de um povo, etc...
incidental não concorda.
incidental pensa que o uso pleno da liberdade de expressão passa, acima de tudo, por aceitar as imbecilidades recorrentes e que decorrem daquilo que alguns consideram o uso da sua liberdade de expressão.
E, depois disso, encarar aquilo que pessoalmente se consideram imbecilidades como dados a serem filitrados pela consciência colectiva da tal cultura de um povo.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

(des)qualificações incidentais

incidental foi recentemente alertado para um novo procedimento padrão nas maiores empresas portuguesas - o problema de ter qualificações a mais. Está a tornar-se política institucional corrente seleccionar os novos funcionários com base nas qualificações que não têm isto é, o facto de não ter formação superior é muitas vezes um factor de preferência em relação a candidatos com licenciatura.
incidental pensa que este comportamento suscita um problema que se divide em duas metades:
- por um lado: de que serve ter mão de obra qualificada se não há integração tecnico-científica destes indivíduos nas industrias mais tradicionais do nosso país?
- on the other hand, é imperioso debater a necessidade da criação de uma certa elitização do ensino superior português, à semelhança de outros países, criando centros universitários de excelência nas diversas áreas de conhecimento, com o objectivo de formar uma elite dirigente em contraponto a uma imensa massa anónima de licenciados desmotivados e desempregados.

terça-feira, janeiro 31, 2006

tradução desnecessária


Vanity Fair, Fevereiro 06
Images from Abu Ghraib, RON HAVIV
Haj Ali, 46, a former prisoner at Abu Ghraib, claims that he was the "hooded man" whom captors rigged with electrical wires and forced to stand on a box. He conceals himself behind a poster that shows the damning photograph of the scene.

domingo, janeiro 29, 2006

previsões incidentais_2006

Ao jeito de qualquer publicação séria, incidental prevê o futuro. 2006 será assim:

1 - O BE passará a ser um partido sério (no sentido clássico do termo) convidando Manuel Alegre para Chairman. Louçã será CEO. Joana Amaral Dias continuará a ser freeelancer.

2 - Os adeptos do Sporting que se iludiram com a quase-conquista de quase-tudo vão perceber, outra vez, que ser do Sporting é não é ser do maior clube, não é ser do melhor clube, não é ser o mais fanático, não é, sequer, ambicionar tudo isso. Ser do Sporting é uma forma de estar na vida e, como as melhores coisas da vida, não se explica, sente-se.

3 - As juventudes partidárias mais à esquerda vão perceber que os fóruns de discussão pública servem para muito mais do que discutir os direitos das minorias e a despenalização do aborto.

4 - As juventudes partidárias mais à direita vão perceber que a política é mais do que carro e motorista antes dos 30 e que não é prejudicial ao currículo ter alguma experiência no mercado de trabalho.

5 - incidental igualará o número de visitas de abrupto.

6 - A Turquia não será o membro mais recente da UE.

7 - José Socrates será um bom Primeiro-Ministro (PM) mas, muito mais importante do que isso, dará início à criação do mito de melhor PM de esquerda de sempre.

8 - A Casa da Música [nomeada pela wallpaper para Best New Public Building 05] conquistará, definitivamente, o seu lugar nacional e internacionalmente.

9 - O maior problema de Portugal, dos portugueses, mas sobretudo da geração pós 25 de Abril continuará a ser a falta de produtividade. De ideias sérias e de trabalho sério para as implementar.

10 - Bush continuará à procura de Osama.

[imagem: L'Avenir des statues, René Magritte, 1937]

quinta-feira, janeiro 26, 2006

incidental recomenda...

... Lunar Park de Bret Easton Ellis.

"Lunar Park culminates in an exquisite closing. . . a phantasmagoria of love and loss, a fusion of hallucination and wisdom... so stirringly executed that they beautifully illuminate all that has come before." [Janet Maslin, New York Times]

incidental está a meio caminho do fim da última obra de Easton Ellis e só consegue concordar com a opinião de Janet Maslin. Sublime.

terça-feira, janeiro 24, 2006

considerações várias sobre as presidenciais e...

... o comentário anónimo ao último post:
1 - o uso do anonimato para a crítica, a acusação, ou qualquer outra consideração, mostra - só - um uso mentecapto da liberdade de expressão decorrente da democracia que, infelizmente, se tem tornado comum nos meios académicos à boa maneira de expressões radicais e panfletárias que têm vindo a invadir a nossa sociedade.
2 - incidental precisa da publicidade decorrente daqueles que o consideram um "formato parcial, tendencioso e até, por vezes, um pouco autista" porque, ao contrário de outros, incidental publicita o seu número de visitas - e elas são muito poucas para quem procura "publicidade" ou "afirmação".
3 - incidental não é um blog dirigido aqueles que dedicam os seus dias a analisar e debater acessos de um protagonismo que anseiam mas que, por falta de vontade e capacidade de trabalho, não conseguem atingir exceptuando nas pequenas elites que julgam liderar.
4 - incidental existirá sempre e enquanto for um meio que o seu autor considere interessante para a expressão de opiniões pessoais e nunca em função daqueles que o lêm. incidental não é um meio mas sim um fim.

Presidenciais num minuto:
1 - Cavaco Silva ganhou, com uma vitória muito forte. Senão, veja-se: esta é uma vitória à primeira volta contra o "Pai da Nação" e contra Francisco Louçã que tinha afirmado ao Público em 18 de Janeiro "Tenho a certeza que haverá segunda volta".
2 - Francisco Louçã, e o seu partido, perderam. Senão, veja-se: Louçã ficou a 1% do resultado das legislativas. Se Louçã efectivamente cativasse os votos do centrão que decide qualquer eleição, o resultado poderia ser diferente.
3 - Fica provado que as candidaturas pela negativa (contra alguém/alguma coisa) têm apenas espaço residual em Portugal. Compare-se a performance de Soares/Louçã [anti-Cavaco] vs Alegre.

domingo, janeiro 22, 2006

incidental volta

Depois de (mais) uma aventura associativa (organização de um encontro nacional para futuros médicos) em que incidental esteve bastante envolvido, e da qual se falará mais tarde, incidental volta.
Volta num formato parcial, tendencioso e até, por vezes, um pouco autista.
Futurologia imediata presidencial:
Cavaco Silva - 51%
Mário Soares - 20%
Manuel Alegre - 16%
Jerónimo de sousa - 6%
Francisco Louçã - 6%
Garcia Pereira - 1%
Amanhã, o rescaldo.