sexta-feira, junho 23, 2006

não gosto de:

  • escolas médicas em que os docentes são pagos e não dão aulas;
  • ver doentes a serem vistos por alunos que pouco mais sabem que ler e escrever;
  • pensar que a formação médica depende da boa vontade de alguns e resulta da inconsciência de outros;
  • estar cada vez mais certo que ser cirurgião não é ser médico;
  • não ter um modelo de conduta profissional consistente para seguir;
  • ver enfermarias repletas de um sofrimento que não mata mas moi;
  • pensar que as outras áreas de conhecimento ainda estão mais paradas no tempo;
  • ter chegado à conclusão que é muito difícil morrer, ainda que aqueles que nos tratam sejam muito negligentes.

Não gosto. Mas começo a habituar-me.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muda de curso ou.......se não os podes vencer junta-te a eles!

Anónimo disse...

Não desanimes! Nem tudo é mau...
-há quem dê boas aulas mesmo sem ser pago
- há doentes bem vistos, até por alunos
- com boa vontade conseguimos alguma formação médica
- há cirurgiões k também são médicos (dizem k sim...)
- tough luck... mas há-de surgir, ou hás-de aprender
- Ainda há quem agradeça e sorria ao sair do hospital
- O mundo nunca evoluiu tão depressa
- ainda bem que somos resistentes!

Luis Ruano disse...

"ter chegado à conclusão que é muito difícil morrer, ainda que aqueles que nos tratam sejam muito negligentes"

Cada vez é mais dificil ter uma morte digna e serena. A morte é o ultimo passo de um processo natural que começa no dia em que a nossa primeira célula se divide. Porque é que a complicamos tanto? Não a aceitamos como um fim, queremos acreditar por todos os meios que há outra vida, um paraíso, uma reencarnação, uma existência etéra e ininita. Ao mesmo tempo fazemos tudo para adiar artificialmente a morte, substituimos o corpo inerte por máquinas, insistimos no milagre da ressurreição médica, congelamos os corpos doentes para que um dia possam ser curados, não somos, nem nunca seremos sequer capazes de lhe dar uma definição científica consensual. A morte a meu ver, é algo essencialmente biológico, e como tal, deveria ser algo essencialmente individual. É a célula, o orgão, o corpo, o indíviduo, suspendendo a sua função, no momento certo. É a apotptose do ser.