domingo, outubro 23, 2005

presidenciais (capítulo primeiro)

Considerando a vitória de Cavaco Silva (à primeira volta?!) uma inevitabilidade, a questão obrigatória é a de saber se é este o PR que o país precisa.
Mas antes, algumas notas sobre os outros:
  1. empurrado a contragosto pelo socialismo-soarista, José Sócrates - com o seu socialismo-armani - pode ter corrido um risco demasiado grande, uma vez que o outrora animal político e patriarca da nação parece não ter o descernimento suficente para perceber que é preciso mais do que uma campanha no mínimo desastrada para vencer estas eleições;
  2. nessa linha de raciocínio a aposta em Manuel Alegre teria sido muito mais acertada pois, para Alegre, qualquer resultado será um bom resultado e Sócrates poderia argumentar com uma candidatura de valores superiores ao simplório "Ser PR para Cavaco não o ser";
  3. quanto a Francisco Louçã parece quere um sistema presidencialista puro, só assim se pode compreender uma candidatura com objectivos como "reformar os sistemas de protecção social e de justiça", que são pelo menos dados concretos, ao contrário dos "levantamento cultural" do país ou o "romper com o consenso mole" referidos pelo candidato.

Na verdade, José Sócrates poderá muito bem ser o grande vencedor com a presença de Cavaco Silva na Presidência. O Professor provou, desde já, que amadureceu politicamente (ao contrário do clã Soares?!) conduzindo a candidatura no seu timing, e dando já sinais ao eleitorado de centro que não vai - de nenhuma forma - "vingar" a dissolução de Sampaio.

Ao mesmo tempo, mostrou a independência do PSD (que não é seu ao contrário do PS de Soares) numa apresentação de candidatura estudada - como deve ser uma apresentação de um candidato a PR.

incidental aposta até que Cavaco irá ajudar Socrates com a governação (o que é substancialmente diferente de ajudar na governação) - pense-se no impacto que o perfil de Cavaco poderá ter no apoio às difíceis e necessárias reformas que o Governo terá que levar a cabo, muito diferente do espírito errante de Soares (que muitas vezes provoca suores frios na máquina socialista)

Cavaco Silva pode, assim, ser o melhor PR para este governo, desde que o seu espírito executivo não o transforme no contra-poder que o aparelho PS deseja.

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