sábado, dezembro 30, 2006

era uma vez um médico do ano comum...

... a quem tinham dito que iria saber onde ficaria a trabalhar no ano comum dois dias úteis antes da data de início. O médico pensou que era um bocado em cima da hora mas... Porquê esta data?

Chegado o dia o médico, que tinha tirado o curso no Porto e tinha a noção que 90% dos colegas de Lisboa tinham uma média de licenciatura superior à sua estava apreensivo. Porque não há ponderação das médias, preferência regional, ...? Porque será que só estamos unidos nas medidas que são consensuais e não em todas as que são justas?

Acordou e foi ver a lista. Para seu desespero tinha ficado colocado longe, muito longe. Passado o choque começou a conformar-se e a pensar em arranjar casa.

A lista é retirada e anulada. Parece que faltam as médias e colocar três colegas diz-se no fórum. O médico acredita e aguarda. Porque é que as pessoas quando não sabem não estão caladas?

Nova lista é publicada já depois do prazo definido (isto é - no dia útil anterior à apresentação ao serviço) Apesar de tudo, a colocação muda, o médico já não está tão longe e vai dormir mais feliz.

Nessa manhã o médico acorda com um telefonema - a lista (a segunda, a tal que era definitiva) está errada e vai ser contestada. O médico compreende mas acredita que a lista vai acabar por se manter nem que tenham que ser criadas vagas supra-numerárias para resolver as injustiças criadas. Contacta o hospital em que ficou colocado e começa a tratar da vida. Porque é que - nesta altura - este médico ainda acredita que o sistema, apesar de tudo, funciona?

À tarde, e depois de muitos telefonemas solidários, o médico recebe um outro a dizer que a lista tinha sido retirada. Aguarda-se um despacho que irá pôr fim a esta situação. Parece que afinal "tá tudo mal outra vez". E então, por despacho, o médico é despachado para o fim de Janeiro sem nada mais saber.

Jornal do dia seguinte: Ninguém se demitiu ou foi demitido. Erros de colocação, em que página? Médicos desempregados, onde? Porque é que ficou tudo na mesma (em ambos os lados da barricada)?

5 comentários:

Anónimo disse...

Colega:
Quando as vagas a um concurso público sairam depois de um exame, não sairam notícias nos jornais.

Quando as vagas a concurso foram revogadas menos de 4 dias úteis depois de terem sido lançadas. Já conhecido o nº de ordem dos candidatos. O que disseram os jornais?

Não, ninguém foi demitido, o parlamento absteu-se de comentar, o provedor enviou uma resposta igual a todos independentemente das diferenças na queixa, os jornais souberam mas não comentaram.

Nas escolhas o MS não queria lançar as vagas sobrantes em cada manhã/dia e as colocações não ficam disponíveis em Diário da Répública nem na net. Há quem vá tentando completar listas para se saber onde ficaram os colegas.

Aproveite o tempo de espera, que os dias sem fim para o exame deixam qualquer um exausto. E espero que no futuro, com uma nova geração, possa correr melhor.

Anónimo disse...

mto bonito, mto comovente, mas so uma pergunta:
o q é q os "colegas de lisboa" tem a ver com as trapalhadas da sgsaude?
a maior parte deles é de lá e por lá quer ficar.
os q nao sao, sao como tu, so querem trabalhar perto da sua area de residencia, especialmente depois de terem passado 6 anos "longe, muito longe de casa".
E podes estar descansado, ao que parece a maioria até conseguiu sobreviver ao choque de terem de sair de casa por um longo tempo...mais longo q os doze meses do ac.

rmp disse...

Caro colega,
Argumentos do género "se eu fui tu também podes ir" correm o risco de serem populistas e falaciosos. Porquê?
1 - Nos acesso ao ensino superior 50% da nota é obtida por exames iguais para todos. Para além do que os exames nacionais podem ser repetidos (foi o que eu, como muitos fizeram).
2 - nos concursos para o ano comum a classifcação usado não é nivelada de forma nenhuma o que reflecte a forma diferenciada de leccionar e classificar os alunos. Ou será que o colega acredita que há um fosso tão grande de conhecimentos entre as diferentes escolas que justiqfique a discrepancia de notas?
3 - Não me importo de ser colocado "longe, muito longe" se souber que esta colocação deriva por exemplo do exame de acesso à especialidade - que mau ou bom é igual para todos. Não lhe parece mais justo?
4 - não ando nisto há 2 dias, colega, e sei bem que para nós vai ser assim e ponto final. Mas não lhe parece que era altura de nos unirmos sempre e não só quando convém a todos?
PS - médias de ICBAS, FMUP e FML:
ICBAS: 14,240 (correspondendo a um percentil-50 de 14,155)
FMUP: 14,637 (correspondendo a um percentil-50 de 14,643)
FML: 15,691 (correspondendo a um percentil-50 de 15,777)

Anónimo disse...

Caro amigo, solidarizo-me com a tua espera por um emprego tão ansiado e desejo-te a maior das sortes. :)

Agora o facto é que depois de ler este teu último post e a resposta dado ao colega anónimo aqui acima, tenho a dizer: saudades das discussões associativas e do sempiterno "...desde que se assuma, a mim não me choca..."

Quanto à questão em causa, não me prenuncio por não estar devidamente informado da mesma e suponho que um ano inteiro de novos licenciados em medicina a nível nacional deva ter alguma capacidade para defender adequadamente os seus interesses.

Para terminar, boa sorte mais uma vez, e vá dando notícios Dr.

Abraço,

Christian Lopes

Pedro Morgado disse...

Completamente solidário contigo e com os restantes colegas médicos internos.